Ações em rede e agricultura sustentável são debatidos no Dia Mundial da Alimentação

O “Encontro: Juntos pela Segurança Alimentar e Nutricional e por uma Agricultura Sustentável” lotou os 150 lugares do auditório do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Campinas, nesta terça-feira, dia 16 de outubro. O evento marcou o Dia Mundial da Alimentação e debateu as ações na cidade de educação nutricional; combate à fome e ao desperdício de alimentos e a produção rural familiar.
 
O trabalho em rede em Campinas, ou seja, a união de esforços de várias instituições em torno das iniciativas de segurança alimentar, foi destacado por todos os presentes na mesa de abertura do Encontro. “É comum que as ações se sobreponham. Mas, em Campinas conseguimos unir Sesc, Sesi, Banco de Alimentos, ISA, Ceasa, Prefeitura e Unip, convergindo as ações na área de nutrição”, salientou o gerente do Sesc Campinas, Evandro Marcus Ceneviva.
 
O diretor do Serviço Social da Indústria (Sesi), Paulo Sérgio Cassati, completou dizendo que agir conjuntamente “potencializa os resultados, pois utilizamos a expertise de cada parceiro para dar mais qualidade no trabalho e assim, ir mais longe”, afirmou. Ele citou como exemplo a capacitação que o Sesi – por meio de uma parceria com a Centrais de Abastecimento de Campinas (Ceasa) - está oferecendo para todas as cozinheiras que trabalham na merenda escolar na cozinha experimental da Central.
 
Campinas tem uma situação singular e privilegiada com grande número de iniciativas e de entidades assistenciais que oferecem uma proteção social à população, lembrou o presidente da Ceasa-Campinas, Sérgio Luiz Juliano. Ele ressaltou que somente as atividades reunidas na Ceasa distribuem em torno de seis milhões de quilos de alimentos por ano: o Banco de Alimentos, o programa de cestas básicas e os hortifrutis doados pelos permissionários do entreposto ao Instituto de Solidariedade para Programas de Alimentação (ISA).
 
Juliano contou que o Banco de Alimentou conseguiu verba federal de R$ 1,5 milhão para ampliar em quatro vezes a sua estrutura atual e que poderá ser um órgão de segurança alimentar para atender a toda região. A coordenadora de nutrição da Secretaria Municipal de Educação, Priscila von Zuben Tassi, salientou a importância do Encontro no Dia Mundial da Alimentação para refletir sobre a situação do município, avançar e trocar experiências.
 
O secretário municipal de Cidadania, Assistência e Inclusão Social, Dimas Alcides Gonçalves, também observou que a articulação em rede de ações desenvolvidas em prol da segurança alimentar em Campinas já é realidade. “A fome nas regiões urbanas é um problema equacionado, não resolvido. E Campinas segue como modelo para o país, porque tem estrutura e ações bem-sucedidas e em rede, mas falta ainda uma política de segurança alimentar para a cidade”, ponderou.
 
Os conselhos de Segurança Alimentar (Comsea) e o Gestor do Banco de Alimentos foram reorganizados este ano, segundo o secretário, e são fundamentais para que Campinas tenha uma política municipal que funcione plenamente. Ele ainda frisou que é necessário avançar nas ações em rede por meio de um cadastro único de beneficiados.
 
Ações em Campinas
 
Na sequência foram apresentadas algumas ações de segurança alimentar da cidade que estão atuando em rede. A coordenadora do Mesa Brasil, Lílian Maria da Rocha, mostrou por meio de um vídeo como funciona o Mesa Brasil. O Programa do Sesc é uma colheita urbana que busca alimentos excedentes em supermercados, indústrias e na produção rural e entrega em entidades e comunidades carentes. Foi criado há 17 anos e em Campinas atende mensalmente cerca de 5.600 pessoas com 25 mil quilos de alimentos.
 
A presidente do Banco Popular da Mulher, Eliane Rosandiski, explicou que o órgão oferece crédito a juros baixos a microempreendedores e contou sobre um projeto de capacitação que está desenvolvendo conjuntamente com a Secretaria Municipal de Trabalho e Renda. O Banco, junto com outros parceiros, está identificando, estimulando, capacitando, dando suporte e organizando em associações ou em cooperativas pequenos produtores rurais da cidade.
 
Isso para auxiliá-los a conseguir crédito e a comercializar seus produtos participando de concorrências públicas e privadas para fornecimento de alimentos, como as da merenda escolar. O trabalho conta com apoio do Instituto Cornélia Vlieg, da Cati, da Ceasa e do Sindicato Rural de Campinas, está capacitando atualmente um grupo de 16 agricultores e formando um novo grupo até o final do ano.
 
A experiência do Alimente-se Bem foi apresentada pela nutricionista do Sesi, Adriana Dalpoz. O programa oferece cursos para ensinar receitas e técnicas de armazenamento, higienização, aproveitamento e congelamento de alimentos. A atividade mais difundida é o uso integral dos produtos, incluindo cascas, folhas e talos. Adriana disse que o trabalho existe desde 2002 e surgiu a partir de pesquisa que mostrava o baixo consumo de hortaliças e frutas e a necessidade de educação nutricional no Brasil. Hoje o Programa conta com 300 receitas e atende nos cursos em Campinas uma média de três mil pessoas por ano.