Associação alerta para prejuízos da pirataria de flores e plantas

Novas cores, novas formas, maior durabilidade, alta produtividade. As mais belas flores e plantas ornamentais utilizadas por decoradores ou comercializadas em floriculturas e supermercados são, geralmente, resultado do melhoramento genético. Para produzi-las, entretanto, empresas e agricultores precisam investir em mudas legalizadas, o que nem sempre acontece. A afirmação é da Sociedade Brasileira de Proteção de Cultivares de Flores e Plantas Ornamentais (ABPCFlor) que no dia 17 de junho promoveu uma marcha durante a Hortitec, em Holambra (SP), para alertar sobre o problema.

Chamada de pirataria, essa prática se configura quando produtores ou empresas produzem ou propagam novas variedades sem licenciamento.  Além de praticar pirataria e violar a lei, produtores que optam por plantar mudas ilegais incorrem em concorrência desleal em relação àqueles que usam as variedades protegidas por lei. Ao comprar a muda não licenciada, o produtor irregular paga menos pela muda e, com menos custos, vende mais barato, o que coloca o agricultor legal em clara desvantagem.

Desaquecimento e custo social

Outra consequência do problema é o desaquecimento do setor por conta do desinteresse de empresas melhoristas em relação ao Brasil. A pirataria fecha as portas do Brasil às variedades recém desenvolvidas, pois os melhoristas não desejam a entrada de seus produtos em um país que não respeita o trabalho de melhoramento, cujos resultados demoram anos ou décadas. O problema também freia o investimento na pesquisa nacional, já que os profissionais da área não se sentem estimulados a desenvolver produtos.

Suporte técnico e padrão internacional

O plantio de mudas licenciadas garante mais do que respeito à lei de proteção de cultivares, implantada no Brasil em 1997. Isso é o que afirma o agricultor Francisco Issao Saito, que produz rosas em Atibaia (SP). Produtor há mais de 40 anos, ele migrou para as plantas certificadas no início da década e não se arrependeu. "Existe o custo do royalty sim, mas é amortizado porque conseguimos um produto muito melhor. Tenho suporte técnico, novidades e informações que antes tinha de viajar para outro país para receber", conta. Segundo Saito, as mesmas variedades lançadas na Europa são oferecidas a ele, que planta as novas rosas em sua fazenda.

Ao aderir ao plantio de rosas licenciadas, ele pôde receber variedades "top de linha" e ter acesso à orientação especializada. "Por sermos legalizados, conseguimos, por exemplo, visitar fazendas no Equador e na Colômbia e aprender a plantar de forma mais eficiente. A partir desse intercâmbio, conseguimos plantar com informação técnica muito rica". Tudo isso permitiu a Francisco Saito oferecer produtos mais interessantes ao cliente. "Nossa ofertar melhorou muito e alcançamos um padrão internacional".