Banco de Alimentos bate recorde de arrecadação

A arrecadação é recorde, a maior desde a sua inauguração, em 2003. No total, o Banco distribuiu no ano passado 1,7 milhões de quilos de alimentos, incluindo as cestas básicas subsidiadas pela Prefeitura através do Programa Prato Cheio. As doações ao Banco beneficiaram 150 entidades assistenciais que atendem cerca de 30 mil pessoas e as cestas atingiram, em média, seis mil famílias por mês.    

De acordo com o coordenador do Banco, Demétrio Vilagra, os números apontam a consolidação do órgão e de sua credibilidade. "Atribuo este resultado ao trabalho incansável desenvolvido estes anos em busca de parcerias e sempre oferecendo aos colaboradores o retorno sobre o destino de sua doação. Buscamos trazer o parceiro que doa para as entregas onde ele constata que o alimento vai para quem precisa e entra em contato com a realidade dos atendidos. A credibilidade é o que permite manter e ampliar as parcerias e consolidar o Banco como um órgão público que coordena, garante a qualidade e distribui alimentos" analisa.

Demétrio ressaltou que todas as entidades puderam ser beneficiadas mais vezes em 2007, devido ao volume arrecadado. "O Banco começou atendendo 134 entidades, hoje são 150 que recebem as doações com mais freqüência do que antes, mas para o programa continuar crescendo é fundamental a conscientização de que existem pessoas em estado de carência absoluta e têm o direito de se alimentar com dignidade", afirmou. Ele também destacou a importância do trabalho da Secretaria de Cidadania, Trabalho, Assistência e Inclusão Social que com o Programa Prato Cheio. O Programa garante o atendimento às famílias diretamente nos bairros mais carentes da cidade e ainda proporciou a melhoria da logística de distribuição e ampliou os beneficiados pelas frutas, verduras e legumes doadas pelos atacadistas da Centrais de Abastecimento de Campinas (Ceasa) ao Instituto de Solidariedade Alimentar (ISA). Estas doações de hortifrutis somam R$ 2,4 milhões por ano, uma média de 300 toneladas de produtos por mês.

Para o professor responsável pela academia de artes marciais Tat Wong Kung Fu, Enrique Miluzzi Ortega, a confiança é fundamental para a parceria. "O fator principal para a escolha do Banco foi a integridade e a transparência que vemos e que nos agradam. Podemos acompanhar para onde vai a doação. Fazemos este trabalho de coleta para o Banco há quatro anos motivados pela sua seriedade e também como uma extensão do trabalho da academia de despertar nossos alunos para valores como respeito, disciplina, além da disposição para ajudar os outros", afirmou. A academia faz campanhas de arrecadação para o Banco de Alimentos em sua programação de eventos durante o ano.

A supervisora do Departamento de Mercearia, Marta Vieira, representante do Supermercado Enxuto de Campinas que é colaborador do órgão, também credita à seriedade a longa parceria com o Banco que vem desde sua inauguração. "Nossa empresa tem este intuito de atuar para a comunidade e com programas sociais. No caso do Banco vimos que é uma instituição que trabalha sério e tem credibilidade, por isso continuamos no projeto", informou. Para o diretor da empresa Broto Legal, Paulo Storti, a confiança é fundamental. "Fazíamos doações a algumas instituições que vinham pedir, mas soubemos que eles estavam vendendo os produtos. Mas o Banco nos despertou confiança e sabemos que está prosperando", explicou.

Auxílio


"Conseguimos trabalhar melhor em 2007 porque tivemos mais alimentos. Temos pouco recurso e as doações do Banco ajudam muito", atestou a presidente da Casa da Criança Luz do Amanhecer, Nair Ricardo da Silva, que fica no bairro Campina Grande e atende 89 crianças e 15 famílias. A presidente e coordenadora da Casa da Criança de Sousas, Ângela Teresa Gabbiatti Caporali, também sentiu as melhorias. "Realmente fomos beneficiados sim. A entrega grande de feijão deu para as crianças da casa e também para ajudar as famílias pois o produto está muito caro. Recentemente recebemos o leite que também é de grande valia", informou.

Para o coordenador de alimentos da Associação dos Amigos da Criança (AMIC), Márcio Conrado Damiano, o aumento nas arrecadações permite ao Banco realizar um trabalho mais sistematizado. "Nossa luta contra a fome é diária, percebemos não só um aumento nas doações, mas também na freqüência com que elas são feitas, o que nos permite realmente poder contar com o Banco. Temos o órgão como um Banco mesmo, que guarda uma poupança de alimentos e que sempre que precisamos nunca nos deixa sem resposta", explica o coordenador.

Combate à fome e ao desperdício


O Banco Municipal de Alimentos funciona na Ceasa-Campinas e é responsável por arrecadar, analisar tecnicamente e distribuir alimentos a entidades assistenciais cadastradas junto ao Conselho Municipal de Assistência Social. Entre os objetivos do órgão estão o combate ao desperdício e facilitar e incentivar as doações pois o Banco assume a responsabilidade pela qualidade do que é doado preservando empresas, indústrias e outros colaboradores. O projeto é inspirado no modelo surgido nos anos 60, nos Estados Unidos, que se espalhou pelo mundo. Aqui no Brasil, também tem sido grande a expansão de Bancos de Alimentos motivados pelo debate sobre o direito à alimentação e a segurança alimentar. Estimativas e estudos de órgãos como Embrapa e IBGE apontam que o desperdício de alimentos no país chega a 30%. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), somos o quarto maior produtor de alimentos do mundo e o sexto em subnutrição.

O Banco de Campinas faz parte de um conjunto de ações do Programa de Segurança Alimentar da cidade que visa não apenas combater a fome de maneira imediata, mas também desenvolver ações de geração de trabalho, renda e formação. Os doadores do Banco de Alimentos recebem um "extrato", ou seja, um documento de prestação de contas sobre o destino de tudo que foi recebido além de serem convidados a participar das entregas. Desde 2005 o órgão também é responsável pela distribuição de cestas básicas do Programa Prato Cheio: são cerca de seis mil por mês, em 60 bairros mais carentes da cidade. Quem se interessar por mais informações sobre o órgão ou coletar e doar alimentos pode ligar para o telefone (19) 3746-1063, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.