Ceasa-Campinas dá dicas de como fazer compostagem caseira

O Brasil produz aproximadamente 229 mil toneladas de lixo por dia, segundo dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Do lixo urbano, 60% são formados por resíduos orgânicos que podem ser transformados em excelentes fontes de nutrientes para as plantas através do processo de compostagem.
 
Para Ana Rita Stenico, engenheira agrícola e gerente do mercado de Flores da Ceasa-Campinas, a compostagem é um processo de transformação de materiais orgânicos, resultando num composto estável, rico em substâncias húmicas e nutrientes minerais. “Quase todo material de origem animal ou vegetal pode entrar na produção do composto. Mas, existem alguns subprodutos que não são legalmente permitidos para serem utilizados em um processo de compostagem, como por exemplo: restos de madeira tratada com pesticidas ou com verniz, couro, papel e esterco de animais alimentados em pastagens que receberam herbicidas. A serragem pode ser usada, desde que de madeira não tratada. A Lei 10.831/2003 prevê apenas o uso de resíduos de madeira extraída legalmente”, esclarece.
 
O material transformado tem muitas vantagens ao ser utilizado, sendo a principal a possibilidade de melhorar as condições do solo, sem ocasionar riscos ao meio ambiente.  "O composto orgânico pode substituir os adubos artificiais sem ocasionar um esgotamento da terra, melhorando as condições físicas e químicas do solo. O processo da compostagem deve seguir várias etapas e controles para ser produzido. O composto resultante, quando considerado um produto comercializável, estará sujeito à legislação federal brasileira, sob a jurisdição do Ministério da Agricultura, que regulamenta o estabelecimento produtor, as matérias primas e o insumo gerado”, completa.
 
A compostagem é feita sobrepondo-se camadas de resíduos orgânicos, intercalando camadas mais secas e úmidas, formando-se pilhas chamadas de leiras. A montagem da leira é realizada alternando-se os diferentes tipos de resíduos em camadas com espessura em torno de 20 cm. "Intercala-se, por exemplo, restos orgânicos úmidos e palhadas. Em seguida, montam-se as leiras de, no máximo, 2 metros de altura. Mas essas dimensões podem ser alteradas em função da quantidade disponível de resíduos domésticos e do espaço disponível. As leiras têm que ser revolvidas de tempos em tempos. A temperatura da leira precisa ser monitorada e registrada constantemente, pois assim pode-se determinar a frequência ideal de revolvimento, produzindo composto em menos tempo possível. A temperatura ideal é entre 55ºC e 70ºC”, comenta.
 
Durante a decomposição, o material não deve atrair insetos nem soltar mau cheiro. Se isto estiver acontecendo, basta revirá-lo mais vezes até que este problema desapareça.
 
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o composto melhora a qualidade do solo e reduz a contaminação e poluição ambiental; estimula o exercício à cidadania pela contribuição na diminuição do lixo destinado aos aterros sanitários; melhora a eficiência dos fertilizantes químicos; economiza espaços físicos em aterros sanitários; recicla os nutrientes e elimina agentes patogênicos dos resíduos domésticos.
 
Exemplos de materiais que podem ser utilizados:
Restos de podas e roçadas de jardins; cascas de frutas e produtos hortícolas; ervas; saches e folhas de chá; borra de café.
 
Exemplos de materiais que NÃO podem ser utilizados:
Ossos; Manteiga; Esterco de cães e gatos; Queijos; Restos de carnes; Peixes; Alimentos gordurosos; Derivados do leite; Óleos vegetais; Sementes de plantas invasoras; Materiais tratados com pesticidas.
 
Dicas para uma boa compostagem:
Água: os microrganismos na pilha de composto necessitam de água para se desenvolver, a umidade necessária é aquela que deixa o composto como se fosse uma esponja, nem encharcado nem seco. Um adequado equilíbrio é mantido através da mistura de duas partes de material fresco rico em nitrogênio com uma parte rica em carbono (material seco).
Aeração: para acelerar a decomposição, revire o material e misture periodicamente, isto provem aos microrganismos, oxigênio necessário para o seu metabolismo e aquecimento do material. Pode ser feito uma vez por semana.
Superfície de contato: quanto menores forem os materiais, mais os microrganismos trabalham, assim, mais rapidamente os materiais irão se decompor.
Tamanho da pilha: quanto maior for o volume de material, mais rápida será a decomposição, pouco material impede o bom desenvolvimento do composto.
 
 
Foto: Marcos Santos/USP Imagens