A Centrais de Abastecimento de Campinas (Ceasa) é parceira da iniciativa e contribuiu oferecendo a assessoria técnica na sua implantação e continuará participando com consultoria e capacitação. Também são parceiros do projeto a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) e o Serviço Social da Indústria (Sesi).
O cultivo da horta comunitária está sendo realizado por seis aprendizes e um monitor da Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) que recebem salário, transporte e refeição. "Faço este trabalho com muito amor. Ele me ajuda no desenvolvimento mental. Aqui eu aprendo e ensino", relatava orgulhoso Agnaldo Santos Rosa, de 31 anos, aluno da Apae. O Instituto Robert Bosch investiu cerca de R$ 27 mil na implantação do espaço com sementes, insumos, telas, irrigação eletrônica e a construção de canteiros, estufa e hidroponia. A Associação dos Funcionários da Robert Bosch também é idealizadora do projeto e cedeu uma área total de dez mil metros quadrados para sua implantação. 
Os beneficiados com esta primeira colheita mostraram entusiasmo. Para a coordenadora pedagógica da Associação Beneficente Semear, Carla Cassani Coelho, o projeto vai proporcionar às 120 crianças e adolescentes de 6 a 14 anos que a entidade atende "acesso a novos alimentos e uma quebra de paradigmas no sentido de proporcionar novas experiências". A diretora da Escola Estadual Professor Carlos Cristovam Zink achou a proposta excelente. "Maravilhosa a iniciativa. Vamos trazer os alunos, participar do plantio e da colheita e a degustação será um importante momento de educação. Fará parte do trabalho da escola de alimentação saudável", informou. A produção da horta comunitária vai beneficiar também a ONG Ação Forte e os funcionários da Bosch por meio do restaurante do Clube. As entidades e a escola foram escolhidas por que ficam nas proximidades da empresa e já desenvolvem outros trabalhos conjuntos com a Bosch.
Produção
O engenheiro agrônomo da Ceasa responsável pela assessoria técnica da horta, Francisco José Ricchini Lopes, explica que nesta primeira fase foram construídos 45 canteiros. Inicialmente foram semeados sete canteiros no dia 14 de janeiro. No espaço há também uma estufa (casa de vegetação) de 40 metros quadrados e uma hidroponia de doze metros quadrados. Segundo ele, a capacidade total de produção desta fase é de cerca de cinco mil unidades de hortaliças por mês. A participação da Ceasa no projeto surgiu devido ao Programa de Hortas Comunitárias que a empresa desenvolve por meio da Prefeitura junto com a Secretaria Municipal de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo (SMCIST), com apoio da Sanasa e da subprefeitura de Barão Geraldo. O Programa já distribuiu 640 mil mudas de hortaliças e plantas fitoterápicas e beneficiou cerca de oito mil pessoas. Lopes acredita que o projeto é muito mais que dar acesso ao alimento e incentivar hábitos saudáveis. "Atuamos em comunidades com necessidades especiais, com portadores de HIV, em escolas, entre outros. A horta desenvolve o aspecto ambiental, pode gerar renda, funciona como apoio terapêutico e é uma ferramente pedagógica", avalia.
Peça por Peça
O diretor administrativo do Instituto Robert Bosch, Carlos Eduardo Abdalla, informa que a horta comunitária na Bosch de Campinas é inspirada em uma experiência semelhante e bem-sucedida da unidade da empresa em Curitiba (PR) e que faz parte do Projeto Peça por Peça desenvolvido pelo Instituto. "O Peça por Peça tem como objetivo promover o desenvolvimento social centrado na educação com o envolvimento da comunidade no entorno da fábrica", explicou. Segundo ele, nas outras duas fases do projeto em Campinas serão desenvolvidos mais 90 canteiros, um borboletário, um minhocário e um orquidário. Será um laboratório de vivência verde com previsão de implantação no prazo de três anos.
Estudantes
No dia 6 de março começa um curso ministrado pelo engenheiro agrônomo da Ceasa e por uma bióloga do Sesi para aposentados da Bosch, alunos e monitor da Apae, professores da Escola Carlos Zink, funcionários do Clube e membros da comunidade do entorno da empresa. O curso acontecerá nas depedência do Clube da Bosch e tem o objetivo de capacitar multiplicadores sobre o desenvolvimento de hortas com foco na gestão ambiental. A partir de abril os 494 alunos da Escola Estadual Professor Carlos Cristovam Zink começam a desenvolver uma ação com a horta. Além de receber as hortaliças do espaço, eles terão aulas práticas e teóricas de educação ambiental sobre preparação e cultivo do solo, plantio e colheita, com supervisão e apoio de material didático. Onze canteiros estão reservados para esta atividade. O trabalho vai integrar o currículo escolar dos estudantes.