Conferência FAO vai discutir crescimento agrícola e redução da pobreza

A região mostra dois paradoxos que ilustram profundos contrastes e desigualdades: a persistência da fome apesar da produção de alimentos suficientes e a persistência da pobreza rural apesar do dinâmico crescimento da economia regional e da agricultura em particular. Entre 2002 e 2006 as exportações de alimentos cresceram em 12% ao ano e a atual contribuição do setor agrícola ao PIB regional varia entre 27 e 34%. Mas a pobreza rural persiste: atinge mais de 54% da população rural.

A FAO considera que a ação conjunta entre os atores públicos e privados é imprescindível para incrementar o desenvolvimento rural, com o objetivo de reduzir a pobreza e a fome no campo, contribuir para o crescimento econômico e melhorar a competitividade agrícola. O potencial dessa ação conjunta será um dos temas centrais de debate da 30ª Conferência regional da FAO para América latina e Caribe, que acontecerá em Brasília de 14 a 18 de Abril.

&quotDe maneira isolada, nenhum dos atores conseguiu superar o contraste evidente no campo: o dinamismo do setor agrícola e a persistência de seus altos níveis de pobreza e de fome&quot, observou o chefe da Subdireção de Assistência para Políticas do Escritório Regional da FAO para América Latina e Caribe, Fernando Soto Baquero.

O documento que será apresentado pela FAO na Conferência Regional ressalta que houve uma diminuição da estrutura do Estado no campo. &quotNa maioria dos países da Região, o setor público, particularmente o agropecuário, foi perdendo muito das suas capacidades de intervenção e regulamentação a partir dos ajustes estruturais dos anos 90&quot afirma o texto.

No âmbito privado, o documento destaca os avanços na organização dos pequenos produtores em associações e cooperativas e a criação de agremiações e movimentos sociais, assim como o peso econômico e a influência política cada vez maiores dos empresários privados.

Contudo, estes avanços não têm sido capazes de compensar a perda de poder de intervenção do poder público e não se traduziram em melhorias para a agricultura familiar, setor que, apesar de sua baixa produtividade, é importante no abastecimento de alimentos nos países da América latina e Caribe. Dados compilados pela FAO em seis países da região assinalam que sua participação pode ser ampliada, já que a agricultura familiar responde por 57 a 77% do emprego agrícola, ainda que tenha somente 27 a 67% do valor da produção setorial.