É difícil a tarefa de escrever sobre o permissionário da Ceasa-Campinas conhecido como “Dan”. Difícil porque Orivaldo, nome de nascimento que raramente é usado na vida profissional, não é uma pessoa comum. É um administrador de mão-cheia, produtor rural, permissionário, pai, amante de músicas de qualidade e otimista irrecuperável.
Nasceu em Votuporanga, mas mudou-se ainda criança para São José do Rio Preto, São Paulo, onde o convívio com os tios deixou saudade e um requinte no gosto musical. “A convivência com meus tios me ensinou a apreciar músicas de qualidade, como Beatles, Frank Sinatra, Bee Gees, ABBA, Phil Collins”, conta.
Dan conseguiu impor um estilo próprio e inconfundível em seu negócio: a vitória pela perseverança. “Comecei a trabalhar com comercialização de hortifrútis aos 22 anos. O início se deu com o meu pai, em 1957, na cidade de São José do Rio Preto. Tínhamos um depósito lá, comprávamos e vendíamos mercadorias. Entramos no ramo comprando direto da roça. Depois, adquirimos um depósito. Foi tudo bem até 1968, meados de 1969, quando meu pai ficou doente. Eu não tinha 18 anos. Perdemos tudo”, lembra.
Em 1970, a família mudou-se para Campinas. “Não tínhamos recursos. Trabalhamos três anos fora do ramo de comercialização de hortifrútis para juntar um montante e voltar ao mercado. Em 1973, conseguimos e recomeçamos no Jardim do Lago”, conta.
Em 1980, o permissionário adquiriu uma fazenda e iniciou a produção de bananas nanicas na região do Vale do Ribeira. “Nos últimos 15 anos, diversificamos. Começamos a enxergar novas possibilidades. Quem não se diversifica, sai do mercado. Nosso forte ainda é banana; mas a cada dia que passa, somamos mais produtos”.
Econômico nos gestos corporais e generoso na simpatia, o administrador resumiu a essência de sua filosofia de vida: “Não faria nada diferente. Faria tudo de novo. Se não fiz alguma coisa, foi porque não houve tempo. Tudo o que foi possível, eu fiz. Vivo pelos meus filhos. Os pais tem a missão de ensinar para os filhos valores como a honestidade, a perseverança e a persistência”.
Orivaldo não esconde o orgulho que sente dos filhos. “Tenho muito orgulho dos meus filhos. Dois trabalham aqui comigo, A Sabrina e o Adolfo. Trouxe meu filho para cá para descarregar caminhão. Ele ficou quase três anos descarregando e separando mercadoria para depois atender aos clientes. Atendeu primeiro os menores, depois os maiores. Os fornecedores, por exemplo, começou com os mais antigos, até atender os do dia-a-dia”, explica.
O destino quis que a família Dan permanecesse na fruticultura. “Produtor de frutas, no Brasil, enfrenta muitas dificuldades. Se a pessoa não tiver amor e não gostar muito do que faz, não vai muito longe. Há muita dificuldade e desperdício”.
Costuma-se dizer que algumas pessoas possuem paciência e perseverança como Jó. Difícil achar um equivalente ao personagem bíblico. Não é bem verdade. Há mais de um candidato ao posto. Mas, se fosse feito um ranqueamento de opções, Orivaldo seguramente estaria no topo da lista.
E é graças ao empenho, perseverança e boa vontade de pessoas como Orivaldo Dan, que a Ceasa Campinas consegue garantir o abastecimento de mais de 500 cidades. São mais de 570 permissionários (comerciantes) em cerca de 830 lojas (boxes e pedras) que se destacam por garantir um mix completo do setor de hortaliças e frutas das comuns às mais exóticas, além de ovos, peixes, grãos, alimentos secos e cereais.