Segurança alimentar de Campinas será modelo no Plano Nacional de Abastecimento a ser entregue à presidente Dilma

Os programas de segurança alimentar de Campinas, alicerçados na Centrais de Abastecimento de Campinas (Ceasa), vão ser a referência para o novo Plano Nacional de Abastecimento Alimentar que está sendo desenvolvido pela Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento (Abracen). Em maio, o documento será finalizado e apresentado ao Ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Mendes Ribeiro Filho, e posteriormente à presidente Dilma Rousseff.
 
“Por meio da Abracen e em parceria com o Mapa estamos desenvolvendo uma espécie de PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) para o setor de entrepostos de hortigranjeiros responsável pela distribuição de mais da metade das frutas, verduras e legumes produzidos no país”, informou o presidente da Ceasa-Campinas, Sérgio Luiz Juliano.  Desde que foi criado, há 30 anos, o setor não tem investimentos de forma organizada e global.
 
“Nos últimos anos tivemos várias iniciativas no sentido de retomar um planejamento nacional, uma vez que o sistema inicial, chamado Sinac (Sistema Nacional de Centrais de Abastecimento), criado na década de 70, foi desmembrado nos anos 80”, relatou o presidente. Segundo ele, há inúmeras demandas que precisam ser debatidas e solucionadas em conjunto, o que será possível por meio do Plano Nacional que prevê integrar ações e conseguir investimentos.
 
Semelhanças
 
O setor tem necessidades semelhantes nas mais de 40 centrais de abastecimento públicas do país que vão desde a infraestrutura e modernização dos equipamentos e gestões, “até questões relativas a embalagens, fomento ao consumo, apoio ao produtor rural, rastreabilidade da cadeia produtiva, homogeneização das informações e estatísticas, entre outros” contou.
 
Na última reunião da diretoria da Abracen, realizada no dia 19 de abril, em Brasília (DF), os dirigentes de ceasas de todo país dividiram a condução das propostas do Plano em 20 capítulos. Em função da importância e qualidade do modelo de segurança alimentar desenvolvido na Ceasa Campinas - reconhecido nacionalmente - o entreposto ficou responsável por apresentar as propostas referentes ao papel das centrais como indutoras de programas sociais e de políticas públicas, utilizando o Programa da cidade como referência.
 
Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 2010, o sistema tem 41 centrais de abastecimento públicas, com vários formatos jurídicos, que somam 11 mil empresas, 22 mil produtores rurais e 200 mil empregos diretos. Anualmente elas geram cerca de R$ 20 bilhões e comercializam 20 milhões de toneladas de hortifrutigranjeiros – isso sem contabilizar o comércio de flores, grãos, pescados e outros alimentos em geral, produtos expressivos em muitas ceasas.
 
Ações diretas e estruturais
 
A Ceasa de Campinas atua como um suporte municipal às políticas de segurança alimentar da cidade, uma combinação de ações diretas e indiretas. Segurança alimentar é um termo técnico que significa, resumidamente, a garantia do acesso ao alimento em quantidade, qualidade e periodicidade suficientes para assegurar a dignidade e saúde das pessoas.
 
As políticas de caráter direto – onde a Ceasa tem maior atuação – são a alimentação escolar, o Banco de Alimentos e o Prato Cheio, basicamente, ou seja, que viabilizam o acesso ao direito à alimentação, principalmente para a população em situação de risco social. Programas de inclusão digital, formação profissional, cooperativas de trabalho, crédito popular, fomento ao desenvolvimento, entre outras desenvolvidas pela Prefeitura, integram as ações indiretas de segurança alimentar, quer dizer, que garantem as condições estruturais do acesso ao alimento através da geração de trabalho e da transferência de renda.
 
Alimentação escolar
 
Campinas tem um modelo de merenda escolar reconhecido nacionalmente pela sua qualidade. O Programa Municipal de Alimentação Escolar da cidade é desenvolvido através de um convênio entre a Secretaria Municipal de Educação e a Ceasa-Campinas, atendendo 566 unidades escolares da rede pública de ensino da cidade. São servidas, em média, 255 mil refeições por dia, com 17 tipos de cardápios planejados por uma equipe de nutricionistas, que beneficiam mais de 200 mil alunos.
 
Entre os destaques do Programa estão o atendimento especial de estudantes com diabetes e intolerância à lactose; ações de educação alimentar; o controle do uso de açúcar, sal e gordura e a exclusão de formulados nos preparos, ou seja, são utilizados apenas produtos in natura. Houve um aumento de 141% de verduras, 34% de legumes e 27% de frutas nas refeições servidas de 2009 para 2011 e a inclusão de produtos integrais e mais variedades leguminosas e grãos no cardápio.
 
Campinas foi a primeira cidade a ter fórmula infantil na merenda escolar, um leite mais adequado para bebês que o de vaca. O Programa na cidade conta com monitoramento constante das cozinheiras, com profissionais de nutrição e com uma cozinha experimental na Ceasa para melhorar a qualidade das receitas e fazer treinamentos.
 
6,7 mil toneladas distribuídas
 
Em 2011, três ações de segurança alimentar direta que funcionam na Ceasa-Campinas distribuíram, juntas, 6,7 milhões de quilos de alimentos beneficiando cerca de 75 mil pessoas. Inspirado no modelo surgido nos anos 60, nos Estados Unidos, que se